Que escorre p´la goela tão sedenta!
E com caligrafia já tremida
Brota a escrita de mim, p´ra esta sebenta.
Há dejectos de tinta ciumenta
E penas sujas sem água fervida;
E sinto-me "barriga que rebenta"
Numa ansiedade, de vida já perdida!
Rebola pelo chão a poesia...,
Paira sobre nós a morte tão fria;
E a escrita atira pedras para cima!
Mas tudo o que se atira, também cai...,
Nesta manhã tão negra que recai
Sobre estas folhas brancas sem mais rima!
António Botelho
Sem comentários:
Enviar um comentário